quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Derrotar ninjas, fácil. Já entender a lógica da Microsoft...

Outro dia, navegando por ai com meu amigo ócio, me deparo com um banner chamativo em um site. Um laranjão cheguei. De repente surge um ninja, e um homem de escritório genérico (camisa social, gravata, etc), lutando com o tal ninja.

Em seguida surgem as mensagens "Derrotar Ninjas. Fácil." "Derrotar um vírus. Ainda mais fácil". "Ação única: Implementar Forefront. A marca de segurança da Microsoft".

Esse é um dos conceitos mais nonsense que eu já vi na minha vida. Se fosse algo como "derrotar um ninja é trabalhoso, já um virus é moleza" ou "acabou a preocupação com os vírus, dor de cabeça agora só se por acaso aparecerem ninjas ou outras ameaças", até faria mais sentido pra mim.

Não resistindo, cliquei no banner e fui direcionado para o site do Microsoft Forefront. Lá eu descobri que o Forefront é destinado ao segmento corporativo. O site é todo quadradinho, com uma foto genérica de empresário num cantinho e um design mal feito. Totalmente diferente da linguagem mais inusitada e descontraída do anúncio.

Pesquisando ainda mais, achei o site da campanha americana. Lá, além de ninjas, também há zumbis, etês e agentes secretos. Mais interativo, o usuário é levado a escolher uma das ameaças citadas. Depois disso, você escolhe uma das formas clichês de filmes de se derrotá-los. Por exemplo as barricadas contra os zumbis, entre vários outros.
Mas as contradições e falta de lógica também estão presentes na campanha americana. "Derrotar um agente secreto. Fácil" - desde quando um agente secreto é um vilão? Geralmente eles são os mocinhos da história. Achei meio sem nexo incluir agentes secretos entre zumbis, ninjas e etês.

Após brincar no site, cliquei para conhecer o produto, achando que seria levado para alguma página com o mesmo clima divertido. Quebrei a cara, fui direcionado para o MESMO site do banner brasileiro, claro que na sua versão em inglês, mas com o mesmíssimo layout.

Alías, a peça brasileira só traduziu a da campanha americana. Nem se deram ao trabalho de tentar dar uma arrumadinha na linguagem. "Derrotar Ninjas. Moleza." hehehe.

Se vc tiver sorte, ainda poderá ver essa pérola nos sites de tecnologia brasileiros, eis uns links com os banners:

http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal/2007/08/29/idgnoticia.2007-08-29.6086998701/

http://wnews.uol.com.br/site/noticias/materia.php?id_secao=4&id_conteudo=8780

Caso os banners já tenham sido substituídos, aqui vão algumas imagens:




Edit: Tudo bem, depois de ver a campanha americana, o conceito fez mais sentido pra mim. Lá eles mostram , através dos clichés dos filmes, como é fácil derrotar um zumbi, um etê, um ninja ou um agente secreto. E terminam mostrando que derrotar um vírus é ainda mais tranquilo. No Brasil não tem nada disso, só os banner do ninja (pelo menos só vi esse em português), o que torna a idéia meio perdida e sem sentido. Já o enfoque da campanha em comparação com o site do produto, continua sendo um nonsense total pra mim.

Foto do site americano, derrotar um vírus é mto mais fácil do que derrotar todas as ameaças dai.

Agora compare o clima lúdico dos anúncios com o clima totalmente sóbrio e "chato" do site do produto:
http://www.microsoft.com/brasil/servidores/forefront/default.mspx

Nem um pouco contraditório né? Será que o nosso amigo de terno e gravata na foto do site gostou dos ninjas?

domingo, 12 de agosto de 2007

Sensacionalismo e humor negro

Jornais baratos, coisa de alguns centavos, normalmente com algum corpo ensangüentado estirado no chão com cores bem vivas logo na capa. Agora também com mulheres seminuas na capa, porém depois das tradicionais imagens dos corpos sangrentos. Matérias escritas com uns pares de parágrafos de três linhas, poucas páginas, enfim, um jornal popular. O mais famoso do seguimento talvez seja o jornal O Povo.

E por mais que critiquem, o jornal acabou agradando o nicho a que foi destinado e prosperou. Logo surgiram concorrentes para brigar por esse seguimento. E na guerra da concorrência parece valer de tudo, e ai é uma correria pra ver quem consegue cobrir mais assassinatos, quem consegue descobrir mais motoristas de van da Zona Norte gostosas pra posar na capa como "Miss Transporte Alternativo" (ou seja lá qual for o nome dessa sessão), quem consegue acrescentar pitadas de humor negro nas tragédias....

Sim, não tinha atentado ao humor negro mas, graças a um amigo mais observador, consegui uma imagem pra explicar o que quero dizer.

Estávamos esperando o metrô quando um amigo percebeu que alguém deixou um desses jornais sobre o banco. Pegou, começou a folhear até que se deparou com uma matéria falando sobre um piloto da TAM que havia sido morto em Botafogo sob motivos desconhecidos até o momento.

Tudo normal, assassinato, TAM, coisas que estão em voga e vendem bem. Não fosse a foto que ilustra a matéria: Nela é mostrado o presunto coberto por um plástico preto, com um pouco dos pés de fora, estirado bem em frente a um pôster do filme Duro de Matar 4.

Tudo bem que talvez tenha sido muita coincidência que o infeliz tenha caído justo ali, e o fotógrafo nem notou, sem o menor intuito de tentar mandar a foto para o site Desencannes depois, mas sendo publicada no jornal que foi (e não , não era O POVO, é um de seus concorrentes), eu realmente tenho minhas dúvidas. Muito difícil um fotógrafo não atentar aos detalhes do que está enquadrando.

Veja a imagem e tire suas próprias conclusões:(clique para ampliar)

homem morto em frente a um cartaz de "Duro de Matar", a foto foi ao acaso ou humor negro faz parte desse tipo de jornal?